Você é realmente livre na internet?

Liberdade, democracia, privacidade e porque devemos passar menos tempo no facebook.

Texto publicado no Medium em 24/06/2017

Independente do seu nível de conhecimento sobre a internet, uma coisa que com certeza você já ouviu falar quando se trata dela é sobre dados. Seja a quantidade gigantesca de dados que trafegam pela rede a cada segundo, seja por ‘good cases’ de empresas inovadoras que falam cheias de orgulho de como usam os dados para proporcionar uma experiência mais personalizada para seus usuários, ou seja através daquele seu amigo mais nerd que te fala sobre teorias da conspiração, onde coisas malignas estão sendo feitas com seus dados.

Não dá para fugir desse assunto, e se você pretende continuar usando livremente a internet é muito importante se educar e aprender mais sobre dados. Como bem disse Melanie Klein,“Quem come do fruto do conhecimento, é sempre expulso de algum paraíso”.Talvez ao final desse processo você descubra que a empresa inovadora não é tão legal assim ou que as teorias da conspiração do seu amigo nerd não sejam teorias.

Este texto é uma introdução ao assunto, um apanhado de coisas para te fazer acordar e que talvez te assuste. Espero que ao final dele você fique assustado o suficiente para fazer alguma coisa a respeito.

Um dia comum

Em um dia comum, Carol acorda cedo para estagiar e entre se arrumar e tomar o café, checa suas mensagens, da uma olhada nas redes sociais. Ao chegar no estágio dentre outras coisas, olha seu email, compartilha algum artigo que achou interessante. Na universidade entre uma aula e outra, curte coisas dos amigos nas redes sociais, compartilha algo que achou engraçado. Na hora do lanche, combina com os amigos de fazer uma viagem nas férias e pesquisa preços de passagens e locais para ficar. A noite pesquisa um filme para assistir ou sobre uma série que acabou de ser lançada…

Não é nada surpreendente, que pouco tempo depois Carol comece a ver propagandas de pacotes de viagens ou hotéis para o lugar que pretende passar férias, recomendações de artigos sobre o filme ou série e até mesmo sugestões de páginas parecidas com as que ela curtiu.

Talvez isso já tenha acontecido com você e você já tenha percebido e se incomodado com a quantidade de propaganda ou sugestões que recebemos todos os dias. Talvez você até se sinta perseguido por essas empresas, que mesmo mostrando conteúdo parecido com o que você busca, muitas vezes incomodam pela quantidade e pela freqüência com que aparecem. O que acontece é que sim, você está sendo perseguido mesmo!

Rastreamento

Sempre que visitamos um site estamos usando as informações contidas nele, mas também estamos deixando informações nossas lá. Estes sites muito frequentemente coletam esses dados e os usam para personalizar as nossas experiências neles, seja para facilitar a navegação ou para mostrar conteúdo e ofertas mais relevantes para nós. Uma das formas que eles fazem isso é através dos cookies.

Não, cookies nesse caso não são biscoitos gostosos, mas um pequeno arquivo de dados colocado no seu navegador que memoriza informações como suas preferências ou acompanha suas atividades, muitas vezes através de vários sites.

Algumas partes destes sites que visitamos podem vir de outros sites que não fazem parte daquele que solicitamos visitar. Estas partes escondidas, conhecidas comothird party(terceira pessoa), podem carregar recursos como imagens, vídeos ou scripts. Muitos servem para fornecer imagens estáticas, enquanto outros, conhecidos como trackers rodam scripts silenciosos que rastreiam nossas atividades e enviam ao site de origem. Essas informações obtidas são principalmente usadas para fins comerciais.

Profiling

Juntando estas formas de rastreamento com os dados que, voluntariamente disponibilizamos na internet, é possível criar um perfil sobre você. Dados como mensagens, compartilhamentos, fotos, pesquisas, se você usou o celular ou outro dispositivo para acessar a internet, seu nome, localização, contatos, tweets, etc são coletados, armazenados e analisados por empresas e criam um perfil que conta uma história bem detalhada sobre você.

Você pode imaginar que com tantos dados por aí, uma mensagem ou uma foto sua não vai fazer diferença alguma. Afinal a quantidade de dados é tão gigantesca que ninguém saberia o que fazer com essa bagunça ou se interessaria por isso. É aqui que você se engana!

Informações pessoais são o novo petróleo, o combustível vital da nossa economia digital — Andrew Keen

Existe tanta gente interessada e por tantos motivos, que a área de analise de dados está crescendo em uma velocidade muito grande. Os avanços nessa área significam que hoje podemos fazer muito mais com grandes quantidades de dados do que jamais pudemos.

Além dos motivos já citados, como para fazer propagandas mais direcionadas para cada pessoa, as empresas também podem vender seus dados para outras empresas e eles podem ser usados até mesmo para interferir na sua vida offline.

Existe a possibilidade de empresas comprarem estas informações e usarem para conhecer mais detalhes das vidas das pessoas: bancos podem usar para analisar as chances de você pagar um empréstimo, empresas de seguro podem usa-las para cobrar um seguro mais caro para você, eles podem ser usados até para praticar algum tipo de discriminação.

Se ainda assim você acha que seus dados pessoais não são tão importantes e que você não precisa se preocupar com isso porque você não tem nada para esconder, é importante saber que isso está além de você. Com o seu perfil e o de várias outras pessoas é possível traçar um perfil populacional, predizer comportamentos de pessoas da sua faixa etária, sexo, posição política e não só conhecer esses perfis, mas usar esse conhecimento para manipular opiniões ou tomar decisões em nome de determinados grupos.

Um exemplo é um documento interno do Facebook, vazado pelo jornal Australian, onde a empresa revelou a capacidade de monitorar posts e fotos em tempo real para identificar quando um adolescente ou jovem trabalhador se sente inseguro, estressado, inútil, ansioso, baseado em um banco de dados com milhões de dados de estudantes do ensino fundamental, médio e jovens trabalhadores. E toda essa informação seria vendida para um dos maiores bancos da Australia, ou seja dados de jovens emocionalmente vulneráveis seriam usados para fins comerciais.

O preço do grátis

A analise de dados só tende a crescer e se sofisticar, mas poucas pessoas conseguem entender ou enxergar o quão detalhadamente essas empresas sabem sobre a vida de milhões de pessoas. O modelo de negócios em que muitos aplicativos e sites se baseiam hoje, fazem com que os produtos que usamos sejam grátis, mas que para isso tenhamos que concordar, muitas vezes sem perceber, em abrir mão dos nosso dados.

Você já parou para pensar em como esses produtos que usamos livremente na internet todo dia ganham dinheiro? O preço do grátis pode sair caro, pois, se você não paga pelo produto, o produto é você.

O que fazer a respeito?

É bem difícil saber como essas empresas usam os nossos dados e quem terá acesso a eles, além de existirem pouquíssimas leis que regulamentam essa coleta de dados e nos protejam do mau uso disso, por isso uma boa forma de lutar contra isso é se educando sobre o assunto e ajudando outras pessoas a entenderem esse problema. Só assim poderemos juntar forças para exigir que se faça algo para regular essa coleta de dados desmedida que vivemos hoje.

Uma outra coisa que você pode fazer é tentar reduzir a criação e a captura dos seus dados, seja pensando duas vezes antes de compartilhar algo sobre a sua vida pessoal ou usando ferramentas para tentar diminuir essa coleta.

Esse guia chamado “8 day data detox” tem várias dicas para te ajudar a recuperar o controle dos seus dados em 8 dias.

Essa série da Mozilla chamada SmartOn é um manual do usuário na internet, que também tem informação e dicas de ações que você pode tomar.

“Zen and the art of making tech work for you”é um guia sobre segurança e privacidade que pode de ajudar, de forma leve com mais informações sobre o assunto.

O Governo

Photo by Scott Webb on Unsplash

Não somente empresas estão interessadas em nossos dados, os governos também tem muito interesse e, como mostrou Edward Snowden, eles querem obter o máximo de dados que puderem e para isso são capazes até de infringir leis nacionais e internacionais.

Não é novidade que os governos vigiam seus cidadãos, e isso pode até ser útil para segurança nacional, aplicação de leis, mas fora de controle faz muito mal para nossa liberdade. Não é admissível que, a fim de encontrar supostas ameaças, toda uma população tenha sua privacidade colocada em risco. Se você não esta sendo investigado, não é legal que o governo possa ler suas mensagens, saber o que você pesquisa ou com quem você conversa.

Muitos governos não são nada discretos na vigilância aos seus cidadãos, como a China, por exemplo, que tem a maior tecnologia de censura do mundo, outros são mais discretos mas não deixam de utilizar a vigilância digital como aliada, chegando a obrigar empresas a fornecer dados das pessoas.

Um relatório de outubro de 2016 da Electronic Frontier Foundation (EFF), ONG que defende a liberdade de expressão e a privacidade na era digital, revelou que a América Latina está a frente do resto do mundo na existência de leis que protegem a privacidade, porém a maioria dos estados não implementa esses direitos inteiramente compatível com os direitos humanos.

No Brasil o relatório aponta quatro questões consideradas ameaça ao direito à privacidade:

O Anonimato é proibido no país

A constituição Brasileira proíbe expressamente o anonimato, porém a falta dele afeta bastante a liberdade de expressão e a privacidade. Grupos minoritários precisam do anonimato para reforçar suas lutas contra poderosos, além de que ele evita que pessoas sejam alvo de perseguições por suas causas políticas e sociais.

Porém ainda falta discussão sobre a consequência dessa proibição.

Falta transparência em como a Anatel lida com os dados dos seus usuários

Muitos dados pessoais são coletados por órgãos públicos, seja através de formulários que precisamos preencher quando usamos serviços deles ou através de metadados, que são dados sobre os seus dados.

Informações como nossa localização, quanto tempo passamos conectados a internet, duração de nossas ligações e muitos outros, são dados que o Marco Civil da internet obriga que as empresas provedoras de internet guardem por até um ano. O que não se sabe é o que são feitos com eles ou quem pode usa-los.

A legislação brasileira ainda permite que esses dados possam ser cedidos sem avisar ao usuário, como por exemplo na lei de organizações criminais que permite que chefes de polícia solicitem registros telefônicos às companhias telefônicas sem ordem judicial, resultando, segundo o estudo da EFF, em mais de 18mil linhas telefônicas grampeadas no Brasil todo mês.

Ausência de normas para regular mensagens criptografadas

O grande caso desse ponto são os bloqueios do WhatsApp, uma coisa que chamou muita atenção para o Brasil, pois bloqueios desse tipo só se viu em países do Oriente Médio. Para Seth Schoen, um dos autores da pesquisa, isso demonstra que o governo não se sente confortável com a ideia de os brasileiros estarem usando aplicativos que tem medidas de segurança e proteção à privacidade do usuário.

A “Cultura do Segredo”

Para os autores da pesquisa, o pior de tudo é a cultura do segredo, ou seja, o fato de que nem o estado nem as empresas serem transparentes sobre as atividades com esses dados. Não existem relatórios públicos explicando quais solicitações de acesso de dados as empresas recebem e os que existem são mantidos em segredo. Existe até uma lei (13.097) que autoriza as autoridades a evitarem licitações públicas em matéria de tecnologia de vigilância.

Isso permite que algumas tecnologias possam ser usadas sem o conhecimento ou o debate com a população. Um exemplo é uma tecnologia que já existe em todos os países da América Latina, chamada IMSI-catcher, que é uma torre de celular portátil que coleta em um raio de 200 metros, mensagens, telefonemas e dados de celulares de cidadãos comuns. Com essa ferramenta é possível, por exemplo revelar a identidade de todos que frequentarem uma manifestação.

Falando em manifestação, uma reportagem recente da Ponte jornalismo, revela que o governo de São Paulo mantém um banco de dados secreto sobre manifestantes. Ou seja, qualquer pessoa que se manifestar em São Paulo pode ter suas imagens e áudios gravados pela PM, independente de ser suspeito de alguma coisa ou não.

O sistema, conhecido como olho de águia, permite que as filmagens sejam feitas em situações mais variadas, inclusive as que não envolvem prática de crime. E esses dados armazenados só podem ser divulgados quando houver interesse da instituição, não o interesse público, o que vai contra a lei de acesso à informação.

Coleta de dados como essa feita em São Paulo, pode colocar em risco coisas muito importantes como a liberdade de manifestação, de expressão e de reunião. Além de que deixa o cidadão em uma situação bem insegura de não saber o que pode ser feito com o seus dados.

O que fazer a respeito?

Aqui vale o que foi dito anteriormente, se informar, se educar e mostrar o problema outras pessoas é uma boa forma de fazer algo sobre isso. Precisamos reunir um grupo consciente de cidadãos, para poder exigir regulamentações, transparência e regras para esses tipos de abusos.

Também existem ferramentas que podem ajudar a protejer seus dados, melhorando a segurança e tornando mais privada a forma como você usa a internet.

Security in a Box — Ferramentas de Segurança Digital para todas as pessoas, é um guia de segurança digital que pode te ajudar nisso.

Photo by Simson Petrol on Unsplash

A guerra da internet aberta

A máfia dos ISPs

Os Internet Server Providers, são empresas provedoras de internet. Nos Estados unidos, um conjunto muito pequeno delas dominam todo o mercado e para evitar concorrência fazem de tudo para que seja praticamente impossível que outras empresas, até mesmo o Google, entrem nesse mercado.

Na intenção de aumentar ainda mais os seus lucros, elas estão dispostas a conseguir formas de cobrar duplamente por seus serviços, fazendo com que se pague não só para usar a internet, mas pelo conteúdo usado, fechando assim a internet em canais e pacotes, obrigando as pessoas a comprá-los.

Pacotes de internet

Além de cobrar pela banda eles também querem taxar os websites, no que eles chamam de “protection money”. Os sites que não puderem pagar esse valor de “proteção” podem ter a velocidade de acesso a seu conteúdo diminuída, e por consequência perder seu público. Estudos feitos mostram que ao diminuir a velocidade de um site em 250 milissegundos a maioria das pessoas abandona o site.

Uma ameaça à internet aberta

A internet aberta é uma bagunça! É de todo mundo e de ninguém. É uma ferramenta de propósito geral onde qualquer pessoa pode publicar e consumir conteúdo. Assim todo mundo pode competir igualmente, pois não importa o quão grande uma empresa é, nem google, nem facebook ou as maiores empresas do mundo, elas não podem pagar para ter prioridade de acesso na internet.

Uma internet livre e aberta estimula a competição, promove a inovação, a propagação de ideias, impulsiona o empreendedorismo e proteje a liberdade de expressão.

O que os ISPs querem fazer é uma ameaça a isso, mas por enquanto ainda temos uma forma de proteção contra eles: A neutralidade da rede.

A Neutralidade da rede fala que toda informação que passa pela rede deve ser tratada igualmente. Nela os ISPs são considerados utilitários, assim como companhias de água ou de eletricidade. Eles não devem se preocupar com o que passa pelos seus tubos ou que uso é feito da água ou da eletricidade, assim como os ISPs não devem se preocupar com os dados que passam por sua rede.

Por isso os ISPs estão muito interessados em acabar com a neutralidade da rede, por que só assim poderão colocar em prática seus planos de monopólio. E, ao fazer isso, estarão colocando todos em jardins murados.

Jardins murados

Jardins murados são locais agradáveis, bonitos onde tudo é organizado e mantido de acordo com a vontade do dono do jardim. São locais bons para passar o tempo, mas sempre que você tenta se aventurar um pouco para longe dele, você se depara com um muro.

Na internet, jardins murados são ambientes em que a informação é controlada, o usuário só pode ir até certo ponto sem se deparar com um “muro”. Existem vários jardins murados por aí, um bom exemplo é a Apple store: para publicar um aplicativo na loja, o desenvolvedor precisa atender a muitas restrições, dentre elas não competir com os interesses da empresa e se encaixar na sua visão de mundo corporativo.

Se os ISPs conseguirem transformar a internet aberta em jardins murados, ela vai virar um ambiente de disputa entre quem paga mais para ter mais acessos, e assim pequenos sites não terão a mínima chance contra os gigantes.

Futuro

Para que os ISPs consigam colocar em prática esse plano de desacelerar sites que não pagarem para eles, é preciso que eles saibam que tipo de dados estão viajando pela sua rede, fazendo então uma inspeção nos pacotes de dados. Isso mesmo, eles terão que olhar dentro dos pacotes de dados e assim saber tudo o que os usuários acessam na internet, para poder distinguir ao que darão prioridade.

Isso não é só uma afronta a privacidade, como pode abrir possibilidade para o desenvolvimento de ferramentas de censura à população. Essa é uma das técnicas que a China usa para censurar seus cidadãos.

Nos EUA, os ISPs já conseguiram um grande vitória recentemente, uma votação no congresso americano permitiu que os ISPs possam vender dados de navegação dos clientes sem precisar de suas autorizações.

Não Brasil, ainda temos o Marco Civil da internet, que proteje a neutralidade da rede e impede que empresas provedoras monitorem as atividades dos clientes. Porém, já tivemos tentativas de burlar isso, como o caso da franquia de dados na banda larga fixa, onde as empresas poderiam impor um limite mensal para a quantidade de dados usadas pelos clientes, diminuindo a velocidade ou bloqueando a internet quando esse limite fosse ultrapassado.

Segundo uma carta entregue por 34 organizações a deputados durante as discussões da PL 7.182/17, que pretende proibir isso, nesse tipo de prática “os usuários podem ficar à mercê de acordos comerciais entre operadoras e provedores de conteúdo, para incluir acesso gratuito à determinadas aplicações e serviços, decidindo indiretamente como e o que o usuário vai acessar na internet.”

Precisamos ficar atentos para não deixar que o que aconteceu nos EUA aconteça aqui também. Sabemos que o Brasil gosta muito de importar coisas de lá e que os nossos políticos (que criam e modificam as leis) são muito amigos de grandes empresas, como comprovado nos recentes escândalos políticos por aqui. Então é perfeitamente possível que os empresários daqui vejam mais essa possibilidade de lucro e queiram importar o modelo americano, por isso, entender o que acontece aqui e lá fora é muito importante para que possamos exigir nossos direitos como cidadãos.

Exemplo

Será se podemos juntar toda a informação desse texto e aplicar em um único caso? Existe alguma empresa que usa toda essa fragilidade dos nossos dados em beneficio próprio?

Sim, existe, e você provavelmente passa boa parte do seu tempo usando os principais produtos dela.

facebook

O Facebook

O facebook sabe mais sobre a humanidade que qualquer outra empresa ou governo no mundo. 500 terabytes de informações pessoais passam pelo facebook todo dia! Não existe um outro ser humano que te conheça mais do que o facebook.Um estudofeito pelas universidades de Cambridge e Stanford mostrou que com 70 curtidas o facebook conhece mais uma pessoa do que seus próprios parentes e amigos, com 150 curtidas ele sabe mais do que seus próprios pais.

Conhecer pessoas tão bem e ter os dados que o facebook tem, faz com que ele use isso para influenciar e controlar a atenção das pessoas. E esse conhecimento desperta o interesse de empresas que querem usar-lo para conseguir clientes para os seus produtos ,e até mesmo políticos que usam a rede social para promover campanhas. O facebook foi um grande aliado nas ultimascampanhas presidenciais americanas, por exemplo.

E as ações políticas da empresa não param por aí. Na tentativa de expandir seus negócios e conseguir reentrar no mercado Chinês, segundo vazamentos feitos pelos próprios funcionários, o facebook está desenvolvendo uma sofisticada ferramenta de censura.

O facebook está em todo lugar, nos celulares, nos computadores, chamando nossa atenção com notificações. Você usa o facebook para se comunicar com parentes e amigos, para ler notícias, postar fotos. Mais de um bilhão de pessoas usam o facebook todo dia e 1/4 do tempo passado na internet é na rede social.

Tanto é que muita gente inclusive acha que a internet é o facebook, e ele pretende ser exatamente isso para pessoas de países extremamente pobres. Com ointernet.org, o facebook permite que essas pessoas tenham acesso a internet de graça, mas a única coisa que elas podem acessar é o facebook. Esse projeto foirejeitado na Índiapor que ativistas conseguiram conscientizar as pessoas sobre o que elas perderiam ao abrir mão da internet aberta.

Isso faz do facebook o maior jardim murado de todos, com seu rápido crescimento e planos para o futuro, ele é uma grande ameaça à internet aberta. Algo como o google ou o facebook nunca teriam surgido em um ambiente como o que ele está criando, pois é preciso liberdade para desenvolver ideias inovadoras.

No caminho de monopólio que estamos seguindo, vai ser muito difícil que outra empresa consiga surgir para concorrer com o facebook. Atualmente todo o mercado se volta para os monopólios, 85% de todo dólar gasto em publicidade online é investido no google ou no facebook. Metade de todo o trafego na rede vai apenas para 30 sites. Todos os outros milhões de sites restantes tem que disputar a pequena audiência que lhes restam.

O que fazer a respeito?

Cada pessoa tem uma forma de reagir a esse tipo de informação, algumas acham que a melhor solução é excluir completamente a rede social, outras acham que o melhor a fazer é usar o próprio facebook para informar outras pessoas sobre isso. Eu acredito que cabe a cada um escolher o que é melhor para si, o mais importante é ser consciente sobre o que está acontecendo, se informar, tentar se proteger, ajudar outras pessoas a fazer o mesmo e quando for preciso agir para ter nossos direitos garantidos.

Conclusão

Como vimos os dados são o ouro do nosso tempo. O mercado está crescendo e se desenvolvendo ao redor deles e se não quisermos ser manipulados precisamos nos proteger. Nossa privacidade, segurança e o futuro da internet estão ameaçadas.

Não existe melhor hora para fazer alguma coisa do que agora!

← Voltar

© 2021 • Camila Vilarinho